Evento Bienal
Em vários espaços da cidade
Agosto – IV Internacional Watercolour Meeting
O Internacional WaterColour Meeting é mais um importante momento do calendário dos Eventos Anuais das Caldas.
A Agosto – IV edição do festival aí está, os sucessos das edições anteriores perspetivam para este ano uma renovada espectativa! Pelas ruas, praças, parque, mata das Caldas da Rainha, Foz do Arelho, Lagoa e pelos campos das freguesias rurais vão estar de novo aguarelistas oriundos de vários países, que irão registar, reinterpretar e criar elementos da nossa identidade.
Todos os dias partem à descoberta dos nossos quotidianos, das nossas paisagens, da nossa história, dos nossos sonhos. Vão afirmar os valores de intercâmbio e divulgação artística, cultural e turístico numa manifestação artística secular, que inova e recria conceitos e estéticas. A aguarela materializa, como outras correntes artísticas, os valores simbólicos e espirituais das nossas culturas.
Caldas possui uma das melhores coleções do naturalismo “português”, no Museu José Malhoa, esse tesouro materializa a vontade de dar continuidade a esta estética reintegrando novas técnicas e valores que proporcionam a criação de um roteiro internacional que se quer registar.
Quem pode ficar indiferente ao trabalho do Turner que produziu milhares de aguarelas, a Tadeo Gaddi discípulo de Giotto, que produziu desenhos aguarelados que vieram a influenciar desde artistas flamengos até aos artistas de Florença e Veneza. E sem esquecer o grande mestre Dürer que produziu aguarelas resistentes ao tempo. Aos Ingleses coube o papel de tornar esta arte a grande referência mundial, porque com a descoberta do chamado “Novo Mundo” ela foi sendo o registo mais fiel das suas viagens e descobertas, tornando-se no século XVIII uma técnica com um método autónomo e independente, sendo difundida por toda a Europa e reconhecida como a “Arte Inglesa”.
Decorriam os anos de 1550 quando um artista de nome John White ao participar na expedição de Sir Walter Releigth, foi registando a vida, o ambiente e os costumes do Novo Mundo, é ainda hoje considerado por alguns como o pai da aguarela. Subsiste uma indeterminável lista de artistas reconhecidos mundialmente, dos quais poderemos referir, dos Estados Unidos os Winslow Homer e John LaFarge (reconhecidos como os grandes artistas da paisagem). Da velha Europa, Kandinsky em 1910 surpreendeu-nos com a sua primeira obra abstrata numa aguarela. Em 1914 na Tunísia, Klee, Macke e Louis Moilliet mudam o mundo das artes com as suas aguarelas.
Revisitamos Chagal, Van Gogh, e os contemporâneos como Rodo Luff, Yek Chung Sai, Robert Graham, Daniel Mackie e um numero significativo de aguarelistas portugueses que lembramos com saudade, Alfredo Roque Gameiro, Ricardo Hogan, D. Carlos de Bragança, João Alves de Sá, Leitão de Barros entre tantos.
Portugal possui um vastíssimo espólio artístico desta arte. Podemos, entre muitas e muitas aguarelas, referir que os barcos e veleiros históricos do Tejo ficaram mais ricos porque as aguarelas de João de Souza as registaram para nossa fruição. E a bela e invicta cidade do Porto tão bem captada pelo mestre António Cruz seria a mesma na nossa memória se não fossem as aguarelas?
Culturalmente, este é um projecto de valorização que conflui vários sentidos de e para a cidade das Caldas da Rainha e sua região, dando-se a conhecer e a ser reconhecida.
Vamos poder assistir diariamente no CCC à exposição que resulta do trabalho diário dos artistas convidados, conversar, aprender e adquirir peças que ficarão como memória, além claro está, na exposição individual de Pedro Orozco, Membro da Associação Espanhola de Aguarelistas (AEDA Madrid) e participante da II edição deste evento, que realizará em simultâneo, uma master classe aberta a amadores desta arte.
Atenciosamente,
Carlos A. Ribeiro Mota
Diretor / Programador do Centro Cultural e Congressos de Caldas da Rainha