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O Rei D. Carlos I das Caldas da Rainha

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Parque D. Carlos I, Caldas da Rainha, ponte sobre o lago, Gocaldas, o teu Guia Turístico Local

O D. Carlos I das Caldas, Céu de Vidro, Caldas da Rainha
O D. Carlos I das Caldas, Céu de Vidro, Caldas da Rainha

O Rei D. Carlos I e a sua importância nas termas caldenses

Um importante protagonista na história das Caldas da Rainha, porém sem aqui ter nascido, foi o Rei D. Carlos I (1863-1908), um dos monarcas com um impacto mais forte no contexto local e um grande entusiasta e assíduo frequentador da nossa vila, sobretudo na época balnear.

Embora nascido em Lisboa, desde pequeno que com os pais (o Rei D. Luís e a Rainha D. Maria Pia) e o irmão mais novo (o Príncipe D. Afonso), que o então ainda Príncipe herdeiro D. Carlos frequentava as termas caldenses.

Mais tarde, sozinho ou na companhia da rainha D. Amélia, e dos filhos, o Príncipe herdeiro D. Luís Filipe e o infante D. Manuel, a presença de D. Carlos I nunca deixou de se fazer sentir tendo mesmo sido, por ventura, o elemento da família real portuguesa que mais vezes visitou a nossa terra e que com esta estabeleceu uma relação mais próxima e empática só comparável à da Rainha D. Leonor … quinhentos anos antes!

O Rei D. Carlos I das Caldas da Rainha

O Príncipe D. Carlos subiria ao trono no final de 1889, tendo pouco tempo depois sido confrontado com as consequências da subordinação em que colocou a nação após o Ultimatum Britânico e que seria a alavanca de um Republicanismo em crescimento e que, mais tarde, com a nomeação de João Franco para a chefia do Governo, se agudizou.

O desenrolar dos acontecimentos resultaria mesmo no assassinato de D. Carlos e do Príncipe herdeiro D. Luís Filipe, o Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, e na Implantação da República a 5 de Outubro de 1910. Na origem deste desfecho estivera também a grave crise financeira que o Estado atravessava e que contribuía ainda mais para a instabilidade nacional.

Apesar deste contexto adverso, a sua ligação à cidade foi positiva para Caldas da Rainha, já que com a subida ao trono a sua atenção e visitas mantiveram-se, não sendo estranha a isso também a sua amizade com Rodrigo Berquó (administrador do Hospital Termal entre 1888 e 1896) e a sua admiração pelo projeto deste para as nossas termas, que de resto o motivaram a condecorar o administrador do hospital com o Oficialato de S. Tiago, em 1892, e com a Comenda da Ordem de S. Tiago, em 1893.

O D. Carlos I das Caldas, o antigo Hotel Lisbonense em frente ao parque D. Carlos I, em Caldas da Rainha

O nascimento das tradições caldenses

No âmbito social local, também não são de menosprezar outras amizades como a que nutria por Vitorino Fróis, uma das lendas da tauromaquia caldense, ao qual não é alheio o entusiasmo do monarca pelas provas tauromáquicas, tendo também feito sentir-se a sua presença para assistir a touradas em solo caldense, tendo numa dessas ocasiões oferecido um cavalo ao cavaleiro caldense, Joaquim Alves, discípulo do amigo Vitorino Fróis.

Tinha ainda uma especial amizade com o padre António, natural da vila e que, segundo rezam as crónicas, era o responsável pela confeção de iguarias divinas com pescados da Lagoa de Óbidos e que deixavam D. Carlos com água na boca, ele que era também conhecido com um bom apreciador do que de melhor a gastronomia nacional tinha para oferecer e não perdia uma oportunidade de degustar as iguarias do padre António.

A mesma cumplicidade não se pode dizer que tinha relativamente ao mestre Rafael Bordalo Pinheiro, que o visava nas suas sátiras publicadas nos periódicos por si criados (A Lanterna Mágica, o Pontos nos ii, o António Maria e A Paródia, só para referir alguns).

Apesar dos mimos bordalianos com que era brindado, D. Carlos respeitava-o como artista tendo chegado mesmo a adquirir uma das mais célebres obras do mestre, Talha Manuelina, em 1893.

Modos de vida por Caldas…

O Rei D. Carlos era ainda um adepto da sociabilidade, gostava de confraternizar com os amigos em ocasiões várias e muitas vezes com ele vinham visitar a nossa terra alguns desses amigos que com ele aqui conviviam.

O cosmopolitismo mundano e estatuto termal das Caldas da Rainha tiveram por isso em D. Carlos um elemento chave na sua promoção e no seu prestígio acrescentando a isso o facto do monarca se deixar identificar com fidalgos, fadistas e toureiros, fomentando a sua própria inserção na comunidade local, fazendo as comunidades locais sentir que D. Carlos eram um deles.

Para além disso D. Carlos tinha vários hobbies como a caça, a equitação, a pintura e a produção de vinho, cortiça e azeites, mas também atividades desportivas onde se destacava a nadar, a remar, a jogar ténis ou a velejar.

Foi um dos primeiros a praticar com regularidade todas aquelas práticas desportivas, o que fazia do monarca um dos primeiros e mais mediáticos sportsman da época.

Não consta que, em território caldense, tenha posto em prática as suas qualidades desportivas e artísticas como fazia com regularidade em Cascais, no Vidigal ou em Vila Viçosa, destacando-se sobretudo enquanto apreciador de touradas, uma das atividades mais badaladas na época balnear local e como parte importante da vida social caldense.

O D. Carlos I das Caldas, lago do Parque D. Carlos I, Caldas da Rainha

O cosmopolitismo caldense…

A propósito das visitas de D. Carlos é importante salientar que a nossa terra se preparava com pompa e circunstância para as ocasiões que para além da componente social propriamente dita pressuponham também uma perspetiva de retorno económico que não era de desprezar.

Exemplo disso foi a sua presença na então ainda vila das Caldas da Rainha para a inauguração do Hospital de Santo Isidoro, da autoria de Rodrigo Berquó e para a colocação da primeira pedra do futuro Hospital D. Carlos (Pavilhões do Parque), no ano de 1893, salientando a imprensa local a presença de mais de cinco mil pessoas a assistir ao acontecimento, numa altura que a população da sede concelho rondava as quatro mil e seiscentas pessoas.

Para além das visitas à vila, D. Carlos I era uma personalidade simpática à comunidade local, consagrada na sua escolha, é certo que pelo amigo Berquó, para patrono do Parque D. Carlos I e do futuro mas nunca terminado Hospital.

O Rei D. Carlos I foi por isso um elemento de prestígio para a vila, um chamariz social numa época em que a convivência com as elites e a partilha dos seus hábitos e das suas práticas eram elementos chave do dinamismo social do lugares de turismo e contribuíam de forma decisiva para a afluência de visitantes a esses mesmo locais.

O D. Carlos I das Caldas, Parque D. Carlos I, Caldas da Rainha

 

 

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