A Obra de Rafael Bordalo Pinheiro nas Caldas da Rainha

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A Obra de Rafael Bordalo Pinheiro nas Caldas da Rainha – Caracol, Rota Bordaliana

A Obra de Rafael Bordalo Pinheiro nas Caldas da Rainha – A cerâmica, os cartoons e muito mais

Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) nasceu em Lisboa e foi o terceiro de 9 filhos de Manuel Maria Bordalo Pinheiro e D. Maria Augusta do Ó Carvalho Prostes.

Personalidade multifacetada, Rafael Bordalo Pinheiro frequentou o Conservatório, a Academia de Belas Artes, o Curso Superior de Letras e a Escola de Arte Dramática.

Destacou-se como um dos mais geniais artistas no panorama nacional sendo um dos grande impulsionadores do cartaz artístico, da caricatura e da cerâmica, só para citarmos alguns.

São da sua autoria algumas das mais conhecidas referência humorísticas de cariz satírico tais como A Política – a grande Porca ou A Finança – o grande Cão, já para não falar do inigualável e sempre atento Zé Povinho, celebrizado em 1875 na publicação, A Lanterna Mágica, e que se tornou o maior símbolo popular nacional.

Fez também parte do célebre Grupo do Leão, juntamente com o irmão Columbano Bordalo Pinheiro e com o pintor caldenses, José Malhoa, entre outras distintas figuras do panorama artístico nacional.

Casou em 1866 com Elvira Ferreira de Almeida, união da qual resultariam três filhos, dos quais o mais velho, Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, também deixaria obra feita na nossa cidade, contribuindo também de forma significativa para o legado Bordaliano nas Caldas.

A Obra de Rafael Bordalo Pinheiro nas Caldas da Rainha - Estação da CP
Rota Bordaliana azulejos sapos Rafael Bordalo Pinheiro

Rafael Bordalo Pinheiro o Caldense

Rafael Bordalo Pinheiro é uma das personalidades mais prestigiada com ligações a Caldas da Rainha. Apesar de não ser caldense, por cá passou e viveu alguns anos da sua vida.

Destacou-se maioritariamente na cerâmica, resultado do seu talento enquanto ceramista e do trabalho desenvolvido após a sua nomeação para diretor artístico da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha em 1884.

Fez também parte do corpo docente da antiga Escola Industrial e Comercial, hoje Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.

A sua criatividade foi decisiva para revitalizar e induzir um novo dinamismo àquela atividade artística que, em função da projeção que Bordalo Pinheiro lhe proporcionou, se afirmou ainda mais como um traço identitário caldense daí em diante.

A popularidade que ajudou a introduzir na cerâmica local e a projeção que empreendeu a essa mesma indústria ajudaram também a dotar a vila de mais um atrativo cultural, artístico, social, turístico e económico.

Mas Bordalo Pinheiro também interveio artisticamente fora do âmbito da Fábrica das Faianças Artísticas, por exemplo, ao aceitar convites que lhe eram endereçados para decorar espaços e festas como as de receção a D. Carlos I quando este vinha para passar uns dias nas nossas termas.

Todavia Rafael Bordalo Pinheiro foi muito mais que um genial ceramista.

O passado do mestre que ajudou a projectar

Com a mesma criatividade e oportunismo Rafael Bordalo Pinheiro contribuiu também para projetar Caldas da Rainha através das publicações de cariz satírico editadas por si (o Pontos nos ii, o António Maria e A Paródia), nas quais, mesmo antes de se fixar profissionalmente na vila, abordava e narrava alguns dos acontecimentos mais importantes do quotidiano da vida caldense a todo o país.

Nestas publicações, usando todo o sarcasmo que se lhe reconhece, criticava abertamente os representantes locais, mostrando-se uma voz ativa na sociedade caldense e interessada no progresso da vila.

Neste aspeto Bordalo Pinheiro teve dois focos principais nos administradores do Hospital Termal, Francisco Eduardo de Andrade Pimentel (período 1877-1888) e Rodrigo Maria Berquó (período 1888-1896).

O primeiro criticava-o pela inércia, avareza e falta de sentido de progresso, apelidando-o de “Pópópim” ou simplesmente “Pim”, defeitos em função dos quais solicitava o seu afastamento do cargo.

No caso de Berquó, o problema era o excesso de determinação de “D. Rodrigo Estraga-tudo” que segundo Bordalo Pinheiro não olhava a meios para transformar Caldas da Rainha, na sua “Berquópolis”.

Não deixa de ser interessante que duas das mais importantes e contemporâneas figuras da história das Caldas, Berquó e Bordalo, tivessem uma relação, que até começou por ser cordial mas que com o avançar do tempo se tornaria conflituosa.

Berquó lançara as primeiras farpas ao criticar, em 1893, os tijolos e azulejos que encomendara à Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha para a construção do Hospital de Santo Isidoro, Rafael Bordalo Pinheiro respondeu brindando o administrador com os já mencionados “mimos” em relação às suas ideias e à relutância do mesmo em não ver para além dessas mesmas ideias.

Rafael Bordalo Pinheiro e o progresso das Caldas

Rafael Bordalo Pinheiro era por isso uma voz ativa, determinada e preocupada com a vila e o seu progresso, contribuindo à sua maneira para o desenvolvimento local.

A sua posição de prestígio fez dele um elemento em destaque no contexto social e turístico local e a esse respeito não terá sido alheia a sua eleição como primeiro Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Comercial e Industrial, fundada em 1902.

Bordalo Pinheiro foi, tal como Berquó, alguém que fruto das suas competências profissionais contribuiu para o prestígio da vila sendo respeitado e elogiado por quase todos.

O extinto periódico O Círculo das Caldas diria, a propósito da sua morte, que Bordalo Pinheiro fora “mais legitima glória nacional e um dos homens que mais alto guindou o nome das Caldas da Rainha”, mas também “um amigo sincero e devotado, pronto sempre a pôr o seu grande talento e muito préstimo ao serviço” de uma vila “tão devedora ao grande artista”.

Por força do seu legado nas Caldas da Rainha, a presença de Bordalo Pinheiro pela cidade é impossível de não ser notada.

Desde logo pela Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro fundada em 1907, que apesar de não ser uma iniciativa de Rafael Bordalo Pinheiro, mas sim do seu filho Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, já depois da morte do pai em 1905, continua a produzir as mais célebres peças criadas pelo mestre.

As fachadas de Bordalo nas Caldas

Em segundo lugar porque é impossível não ficar indiferente às várias fachadas de edifícios caldenses revestidas com azulejos, sendo que muitos desses azulejos remetem-nos também para a produção quer da Fabrica de Faianças das Caldas da Rainha ou para o próprio Rafael Bordalo Pinheiro.

Em terceiro lugar porque aqui e ali nos deparamos com pormenores do legado que nos foi deixado por Bordalo Pinheiro, seja em pequenos apontamentos de trabalhos por ele realizados, seja em elementos de homenagem.

Exemplos disso são o busto de Bordalo Pinheiro oferecido pela Comissão de Iniciativa em 1927 e que se encontra exposto no Parque D. Carlos I, ou até a atribuição do seu nome àquela que é considerada a primeira rua das Caldas da Rainha e que faz a ligação entre o Hospital Termal e a atual Loja / Museu da Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro.

Em 2015 e em jeito de homenagem ao legado de Rafael Bordalo Pinheiro, a cidade inaugurou a Rota Bordaliana, um circuito que percorre as ruas e zonas nobre da cidade e que propõe a organização em roteiro de todos os pontos da cidade onde existem elementos que nos remetem para o artista, seja naqueles que já apresentámos, seja noutros tão ou mais curiosos.

Neste merecem um claro destaque as reproduções em modelos agigantados de alguns ícones da obra bordaliana, tais como O Zé Povinho, a Ama das Caldas, o Polícia Civil, a Saloia ou o Padre Cura que são acompanhados por representações de animais como O Gato Assanhado, O Gato a Caçar, O Lobo ou As Andorinhas.

O que mestre deixou nas Caldas e tu podes ver

Convidamos por isso todos os curiosos a percorrer a nossa cidade, a descobrir mais sobre as Caldas da Rainha através da presença de Rafael Bordalo Pinheiro na cidade, não faltando as mais emblemáticas referências cerâmicas como desde os azulejos, as andorinhas os gatos ou até as sardinhas.

Caldas da Rainha é um catálogo a céu aberto das peças de Rafael Bordalo Pinheiro e apresenta uma das mais ricas colecções de elementos relativos ao mestre.

É certamente um local que todos os admiradores, curiosos, entusiastas e coleccionadores do imaginário bordaliano vão querer vir visitar e acrescentar novas recordação às suas próprias colecções.

A colecção Bordaliana caldense contempla dois museus, o Museu de Cerâmica e o Museu dedicado exclusivamente a Bordalo Pinheiro (Casa de S. Rafael), contempla a Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro com loja e outlet onde comprar peças de Rafael Bordalo Pinheiro é a palavra de ordem e um vasto conjunto de homenagens das mais diversas formas espalhadas um pouco por toda a cidade.

Rafael Bordalo Pinheiro é uma das mais destacadas figuras nacionais no que às artes diz respeito e as Caldas da Rainha é  um dos locais onde mais facilmente se pode contactar com o seu legado histórico e artístico.

Se procuras um tema diferente para uma viagem, se procurar conhecer um pouco mais da história do nosso país e se achas que as Caldas da Rainha é uma boa opção para uma visita, a Go terá todo o gosto em apresentar-te a cidade de uma forma original e repleta de história e estórias que têm Bordalo Pinheiro como elemento central.

Visitas Guiadas com a Temática Rafael Bordalo Pinheiro

A nossa visita guiada à Rota Bordaliana será uma óptima forma de ficares a conhecer o legado artístico de Rafael Bordalo Pinheiro nas Caldas da Rainha ao mesmo tempo que terás a oportunidade de conhecer melhor os encantos e tesouros da nossa cidade.

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Caldas da Rainha - O Guia Turístico da Cidade | gocaldas.com
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